quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Inserção de Espécie Exótica: Atração X Incomodo

 A inclusão de espécies exóticas é um grave problema ambiental, podendo ocasionar alterações na dinâmica do local.  
Sagui-de-tufos-pretos é o nome popular do macaco Callithrix penicillata (Callitrichidae). Os indíviduos dessa família são de pequeno porte e de cauda longa, estando dispersos por toda a América do Sul. Eles vivem geralmente em bandos que se hospedam em árvore. São travessos e ágeis, movem-se em saltos bruscos, emitindo guinchos e assobios que são ouvidos de longe. Apesar do tráfico de animais silvestres ser um crime previsto na Lei de Crimes Ambientais, os Sagui-de-tufos-pretos  são comumente capturados e vendidos como animal de estimação.

Na Travessa dos Vianas, localizada no  Bairro João Soares, Itabuna – Ba, antigamente era caracterizada por  ampla vegetaçao, que com a apropriação de terrenos para moradia essa vegetação foi sendo destruida, porém uma pequena parte dessa vegetação ainda pode ser encontrada ao fundo das casas. Diversas espécies de pássaros tinha como habitat esse local, além de gaviões e raposas. O pouco que sobrou dessa vegetação, continua sendo destruída por meio de queimadas  para agricultura subsídial.
Os moradores desse local relatam que cerca de dois anos atrás, um casal de Callithrix penicillata foi implantado nesta vegetação. Os saguis viraram atração para esses moradores e os mesmos criaram o hábito de alimenta-los. Com isso houve o aumento da população de Sagui-de-tufos-pretos  nessa região, aumentando para um bando com cerca de quarenta macacos.


Fonte: Laís Almeida

Por serem alimentados pelos moradores, os saguis começaram a frequentar o entorno das residencias, forçando os moradores a colocar telas em suas janela para evitar o furto de alimentos pelos macacos.
Ao encontrarem humanos eles urinam nos mesmos como estratégia de marcar território. Moradores relataram que outro bando de saguis de locais distantes tetou se aproximar desta vegetação e houve um confronto com os saguis que habitam aquela área, causando grande alvoroço e chegou ocorrer brigas dentro de domicilios, causando bagunça e sujando o imóvel de sangue.   
Os  Callithrix penicillata se alimentam de insetos, aranhas, pequenos vertebrados, ovos de pássaros e frutos. Com o aumento da população dos macacos os moradores perceberam uma drástica diminuição no número de pássaros, que pode ter como causa a predação dos seus ovos pelos saguis.
Mesmo com todos os transtornos causados pelos saguis, a maioria dos moradores afirmam não ter coragem de parar de alimentá-los, além de ser uma distração a observação do comportamento natural da espécie. Algums moradores incomodados com a situação, resolveram contactar o IBAMA para tentar transferir esse bando para outro local,  porém o IBAMA relatou que esse manejo não era possível.
Uma possível solução para esse caso é a conscientização dos moradores para que não alimentem os saguis, já que com a contínua disponibilização do recurso há uma tendência ao aumento descontrolado da população do mesmo, acarretando maiores transtornos a população e possíveis danos as espécies nativas.

Fonte: Laís Almeida

Por Ellen Nara e Laís Almeida

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Pilhas e Baterias: Descarte Consciente

Presentes nos mais diversos produtos, que vão de lanternas, controle remoto, relógios e brinquedos a celulares e notebooks, as pilhas e baterias fazem parte do nosso cotidiano. O mercado brasileiro consome 800 milhões de pilhas e 17 milhões de baterias por ano, segundo a Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (ABINEE). Estima – se que apenas 1% desse material é processado e tem um destino apropriado. Mas e depois de utilizados, qual a maneira correta de descartar esses materiais?
Para regulamentar o descarte correto de pilhas e baterias o Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA) elaborou a resolução Nº 257/99, segundo essa resolução o destino desse tipo de material que contém em suas composições chumbo, cádmio, mercúrio e seus compostos, após o uso, deve ser entregue aos estabelecimentos que as comercializam ou à rede de assistência técnica autorizada pelas indústrias, para que possa dar um fim adequado ao material. Pilhas comuns e alcalinas que estão dentro do limite de metais pesados em suas constituições, conforme o determinado pelo CONAMA podem ser descartados no lixo doméstico, já as pilhas /baterias de Níquel-cádmio (utilizadas em alguns celulares, telefone sem fio) e as chumbo- ácido (como: baterias de carro) não estão neste limite e devem ser encaminhadas aos fabricantes para o devido fim. Para distinguir as pilhas e baterias que devem ser devolvidas após o uso das que podem ser descartadas, observe a identificação na embalagem dos produtos.

   No entanto, não é porque alguns desses materiais podem ser descartados no lixo doméstico que deve ser feito, principalmente por não serem conhecidos todos os impactos negativos que podem causar na saúde e no meio ambiente.  Os elementos químicos presentes nas pilhas e baterias são produtos tóxicos e podem contaminar solos, corpos d’água, lençóis freáticos, são também bioacumulativos, o que pode prejudicar vários níveis da cadeia trófica. Além disso, podem levar de 100 a 500 anos para se decomporem no ambiente.  
Uma boa alternativa é a reciclagem desses produtos, os sais e óxidos metálicos obtidos podem ser usados em indústrias químicas, de vidros, cerâmica, refratários. Uma iniciativa importante quanto a esta questão foi tomada pelo professor Emerson Lucena, da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC). Ele criou o PROJETO PAPA PILHAS na universidade, que distribui caixas de coleta pela biblioteca, guarita e cantinas. Os produtos coletados são enviados para reciclagem. Iniciativas como esta são essenciais, uma vez que a coleta de pilhas e baterias é uma prática pouco comum no Brasil por falta de uma estrutura adequada para o recebimento desse tipo de material e desinformação. Deveriam também ser espalhados para outros locais, cidades; Itabuna e Ilhéus, por exemplo, que são duas das maiores cidades da Bahia, não tem esses tipo de projeto.
Deste modo, um incentivo a reciclagem e uma maior divulgação e conscientização sobre essa questão devem ser feita. Podemos assim, contribuir para a diminuição de danos ao meio ambiente fazendo um descarte com responsabilidade.
 Participe você também!

Veja mais este vídeo:

Impacto de Pilhas
http://www.youtube.com/watch?v=8Q-eHJjXAEg&feature=player_embedded



Camille de Araújo e Juliana Cintra


quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Mangues, berçário natural a caminho do desaparecimento em Ilhéus

 Uma questão socioambiental...
Na região de Ilhéus os manguezais encontram-se bastante ameaçados e aparentemente as pessoas não tem noção do grande prejuízo que é a destruição dos mangues tanto para elas quanto para o ecossistema.
Os manguezais são ecossistemas caracterizados por serem uma transição entre os ambientes aquáticos e terrestres e ainda ser o desembocadouro de águas marinhas e doces, assim os mangues se tornam um ecossistema único por ser o encontro do rio com o mar. Seu solo lodoso é um ambiente úmido riquíssimo em nutrientes provenientes da grande quantidade de matéria orgânica em decomposição ali presente. Essa quantidade de matéria orgânica é oriunda da decomposição de folhas, flores e frutos. Aliados a essa alta taxa de decomposição há ainda a mistura das águas salgadas e doces, seguidos da sedimentação, formando um substrato potencializado e rico. Desta forma, o solo lodoso, característico dos mangues, torna-se um habitat para uma elevada diversidades de organismos.
A biodiversidade suportada pelos manguezais abrange desde pequenos mamíferos, crustáceos, aves, até microorganismos comos bactérias e fungos. Os crustáceos são os mais abundantes dentre os habitantes dos mangues, sendo este seu berçário natural. Além disso estudos em mangues mostram que estes abrigam uma diversidade ímpar de microorganismos com alto potencial biotecnológico, ou seja, produtores de compostos de interesses industriais, tais como o farmacêutico. 
O homem é o principal culpado pelo desaparecimento deste ecossistema. Ilhéus é um bom exemplo dessa ação prejudicial à natureza.

A população vem crescendo de forma acelerada e muitas cidades não possuem uma infraestrutura adequada para acompanhar esse crescimento. O que acontece nesta situação é a baixa qualidade de vida, que pode ter como consequência um alto índice de desemprego, gerando uma procura para conseguir se estabelecer em um local que tenha um baixo custo de vivência. Isto ocorre sem levar em conta ou sem ter noção do mal que pode causar ao ambiente se este for invadido e aterrado como ocorre nos manguezais. Em Ilhéus,  com o auge da lavoura cacaueira houve um alto crescimento populacional devido às altas taxas de natalidade.Após a crise da lavoura, houve migração de várias famílias do campo para a cidade. Por muitos locais apresentarem um relevo acidentado a solução achada pela grande maioria foi aterrar o mangue como aconteceu principalmente nos Bairros São  Domingos e Teotônio Vilela. Abaixo foto da Rua da Felicidade no bairro Teotônio Vilela:


O avanço das casas nos manguezais continua e é possível ver na rodovia Ilhéus-Itabuna, antes do Bairro Teotônio Vilela, pequenas casas que já se estabeleceram e alojaram-se aterrando “mangue adentro”, chamada de  rua do Mosquito, na qual os moradores aterraram o mangue por uma extensa faixa estreita para construir suas moradias.
Os manguezais que são invadidos para diversas ações antrópicas, ocasionam a perda de espécies de fauna e flora sendo os remanescentes ameaçados com a forte pressão exercida pela presença de atividades humanas em seu ecossistema. A recuperação deste ambiente encontra uma dificuldade muito grande, uma vez que há uma alta taxa de poluentes neles presente devido ao lançamento de dejetos diretamente no ambiente, com a falta de um saneamento básico adequado. O lixo também é outro problema. O caminhão que o coleta muitas vezes deixa a desejar no seu sistema, causando o acúmulo do lixo do bairro e o consequente deposito nas margens do manguezal e quando o nivel de água sobe... nem é preciso delimitar aqui o destino deste.
Além dos prejuízos causados somente pela moradia, há a extração de recursos locais como madeira, ostras,  lambretas e caranguejos escassos como o caranguejo-uça (Ucides cordatus) para o comércio e subsistência.
Os mangues que estão sendo invadidos, apresentando como principal causa  a moradia, estão sendo bastante degradados devido ao lançamento de lixo e esgoto sem nenhum tratamento.
A falta de conscientização dos moradores é um ponto agravante para sua degradação, pois a maioria não sabe a importância deste ecossistema para conservação da biodiversidade e que é uma área de conservação ambiental. A ocupação dessas áreas pelo homem além de não trazer benefícios à natureza, não traz benefício a ele próprio, uma vez que vivendo nesses ambientes sem condições de higiene e saneamento basico necessários, muitas vezes a população invasora sofre de várias doenças causadas por viverem em condições subumanas.
Assim o mangue tem deixado de apresentar suas funções principais de berçário de espécies, fonte de alimentos para diversos organismos, e retentor de sedimentos e nutrientes para ser o quintal e a fossa de várias casas, comércio e tudo que conseguir  tomar espaço em suas margens, poluindo um ecossistema tão rico e prejudicando uma diversidade de organismos.
Os orgãos Municipais, Estaduais e Federais ou qualquer orgão responsável por estes problemas fecham seus olhos, se é que eles os têm, pois em muitos casos esses bairros contruídos em áreas proibidas já estão reconhecidos pelas empresas que prestam serviços públicos e pela própia prefeitura. De certa forma não há uma punição para quem acaba contribuindo para degradação deste ambiente. Mas o que fazer com estas tantas pessoas agora que a situação está tão avançada? Como impedir que os bairros cresçam e degradem mais um ambiente tão rico se os próprios Órgãos responsáveis acabam achando isso normal? Como sempre o mal não é cortado da raiz, as políticas públicas não funcionam e a exclusão social, neste caso, continua fazendo parte deste cenário, não favorecendo para a conservação da biodiversidade.


Por Amanda Cerqueira e Geane Costa

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Porto Sul: progresso ou ilusão?

  A construção do Porto Sul no litoral sul da Bahia irá provocar impactos ambientais e socioeconômicos. Com isso, a implantação deste investimento tem sido um assunto bastante polêmico, pois existem os pós e contras.
  Tudo começou quando a Bahia Mineração(BAMIN), empresa estrangeira da Índia e do Cazaquistão, conseguiu licença para explorar a jazida de ferro em Caetité, com intenção de escoá-lo para a China. Para viabilizar o projeto e construir o Porto Sul, o governo da Bahia decretou como utilidade pública uma área de 4.830 hectares na localidade de Aritaguá.
  O Porto Sul é um complexo intermodal com quebra-mar a 2,5 quilômetros da costa, com uma  integração com a Ferrovia Oeste-Leste, um terminal portuário público, um aeroporto, uma Zona de Apoio Logístico (ZAL) e um Terminal de Uso Privativo, o qual será explorado pela BAMIN.
  A localização do Porto foi transferida da Ponta da Tulha para Aritaguá, litoral norte de Ilhéus, pois segundo o governo este local não apresenta recifes de corais em frente ao local da construção, bem como trechos em regeneração de Mata Atlântica e a fauna oferece uma menor complexidade.
  O governo do Estado e as empresas envolvidas na implantação do Porto Sul afirmam que este empreendimento vai trazer mais desenvolvimento socioeconômico para a região, gerando dois mil empregos diretos e indiretos, recebendo investimentos em energia, água, saúde, saneamento básico, educação e cultura, estimulando o turismo e melhorando a infra-estrutura das rodovias. Além disso, dizem que o Complexo Porto Sul funcionará como um pólo logístico que irá atrair outros investimentos ligados ao comércio e serviços, o que permitirá o desenvolvimento de cadeias produtivas importantes para a transformação econômica da região. Com relação às alterações ambientais, ao desalojamento de cerca de quatro mil pessoas e ao prejuízo pesqueiro, que serão conseqüências da obra, eles mostram diversos projetos com ações compensatórias como medidas mitigadoras a estes impactos negativos.
  Diante deste belo discurso político, ficam-se algumas dúvidas. Será isso uma verdade? Será que as pessoas beneficiadas por geração de empregos, serão as que realmente precisam? Será que a qualidade de vida das pessoas irá melhorar? Será que os impactos negativos serão recompensados por políticas compensatórias?
  Segundo grande parte das pessoas pensantes – ambientalistas, professores universitários, estudantes - que estão conscientes do assunto afirmam que a implantação do Complexo Porto Sul não vai proporcionar o desenvolvimento socioeconômico homogêneo na população, pois investimentos nos setores ferroviário e portuário favorecerão seus próprios interesses, beneficiando a classe mais elevada da sociedade; os dois mil empregos prometidos, possivelmente, não serão para as pessoas carentes, pois estas não apresentam qualificação profissional  necessária para competir com os demais profissionais capacitados. Além disso, os defensores do “não ao Porto Sul”, afirmam que a vinda deste grande investimento ferioviário-portuário para a região vai acarretar em um grande fluxo migratório de pessoas, propiciando inchaço populacional, o que trará maiores problemas sociais. Ainda mais, eles discutem que as ações compensatórias prometidas para as pessoas desalojadas e pescadores prejudicados não são confiáveis, pois diante do atual cenário político brasileiro, não se dá para acreditar em promessas futuras.
  Sim, sim! Mas, e os impactos ambientais como ficam nesta história? Será que a devastação de parte da Floresta Altlântica não vai trazer prejuízo para o ecossistema? Será que a construção de uma ponte de concreto vai atrair novas espécies de peixes, como foi apresentado na última audiência pública realizada no dia 29 ?
  É fato que a construção do Complexo Porto Sul numa área de grande biodiversidade de fauna e flora irá trazer impactos para o ambiente e, consequentemente, para os biomas envolvidos. Isso ocorre porque a degradação de uma área florestal irá provocar o desmatamento da vegetação local e o desaparecimento de espécies ameaçadas e endêmicas em função da perda do seu habitat natural. Além disso, a instalação do porto, diferente do que foi demonstrado no projeto, vai interferir negativamente no ambiente marinho, propiciando o desaparecimento de peixes e outras espécies marinhas e influenciando no aspecto físico do mar, o que poderá causar alterações de sedimentos costeiros e erosões.
  Segundo o Dr. Rui Rocha em entrevista a Emilio Gusmão, este projeto, colocado como política pública, é um projeto privado, viabilizado pelo dinheiro público, para proteger interesses privados, onde poucos irão ganhar. O investimento comparado com a quantidade de empregos gerado é insuficiente levando em consideração a população da região.
  Portanto, nota-se que o governo propõe soluções dos problemas socioeconômicos da região de maneira equivocada, pois para haver desenvolvimento regional não é preciso gastar bilhões de reais na construção de um complexo portuário-ferroviário, e sim investir diretamente na vida das pessoas, melhorando a educação, a saúde e o saneamento básico, além da construção da ponte ilhéus/pontal, do melhoramento da rodovia Ilhéus/Itabuna, do desenvolvimento da área produtiva. Estes tipos de investimentos é que irão possibilitar um desenvolvimento regional, atraindo, consequentemente, pessoas de vários lugares, sem proporcionar impactos negativos relevantes para o local.
  Tendo como base a postura dos interessados na construção do Porto na última audiência, uma foto resume nossa resposta:
                                                    Fonte: Nara Lina

Por Maria Zugaib e Luana Reis